Quadrilha contratava
servidores em troca de auxílios indiretos pagos pela Câmara, como
vale-transporte e vale-refeição, e embolsava os salários
POR EDUARDO MILITÃO |
23/04/2012 07:00
Reportagens do
Congresso em Foco mostraram que Franzé, o ex-motorista do deputado
Sandro Mabel, e sua esposa, Abigail Pereira, que trabalhava no
gabinete do então deputado Raymundo Veloso (PMDB-BA), participaram
de golpe para iludir pessoas carentes da região do Entorno de
Brasília, transformando-as em funcionárias da Câmara sem o seu
consentimento. Depois disso, eram desviados o salário, o
auxílio-creche, o vale-transporte e outros benefícios pagos aos
servidores fantasmas. Por vezes, o golpe era praticado sem todas as
modalidades da fraude. Em alguns casos, as pessoas sabiam que eram
servidores fantasmas.
Em todas as suas
variantes, e com a ação dos diversos núcleos de personagens
envolvidos, o golpe da creche causou prejuízo de aproximadamente R$
2 milhões à Câmara.
O ex-deputado Veloso
não foi localizado nos telefones indicados pelo PMDB da Bahia.
Franzé e Abigail foram procurados em sua residência em Brasília,
mas não retornaram os recados deixados com os vizinhos. Seus antigos
telefones não estavam funcionando.
A "Associação Municipal de Apoio às Pessoas com Diabetes de Andradina", nome fantasia AMADA, ong que foi contratada pela Prefeitura de Mirandópolis em agosto de 2.011, está registrada no Ministério da Fazenda com o CNPJ Nº 05.030.396/0001-33, desde 19/03/2000, constando como atividade econômica principal "ATIVIDADES DE ASSOCIAÇÕES DE DEFESA DE DIREITOS SOCIAIS" e como atividades secundárias, ATIVIDADES DE ORGANIZAÇÕES ASSOCIATIVAS LIGADAS À CULTURA E À ARTE" e "ATIVIDADES ASSOCIATIVAS NÃO ESPECIFICADAS ANTERIORMENTE". Sua natureza jurídica é PRIVADA, tem como endereço a Avenida Barão do Rio Branco nº 1.050, sala 04, Andradina.
A denominação ONG que consta no contrato assinado pela prefeitura não existe no mundo jurídico. É que a partir da promulgação da Lei Federal 9.790 de 23 de setembro de 1.999 que criou a OSCIP, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, somente organização com essa qualificação é que teria legalidade para contratar com o poder público, mais ainda no caso sob trato onde a Prefeitura de Mirandópolis está comprometendo verba destinada ao Sistema Único de Saúde. Segundo denúncia recebida pela ORDEM pelo menos quatro ex-servidores da prefeitura estão na folha de pagamento da "AMADA" ou, então, sendo remunerados com parte da verba que é repassada mensalmente pela prefeitura no valor de R$ 111.990,00, mas a partir de suas exonerações dos cargos em comissão prosseguem exercendo as mesmas atividades no executivo municipal.